Na escola subiu com cautela as escadas, com medo do mestre que era muito severo. Por sorte chegou antes dele, que ainda demorou três ou quatro minutos. Então a aula começou. O pai dele sonhava em ver o filho um comerciante, lendo, escrevendo e fazendo contas. E ele era até um bom aluno, talvez o melhor da classe. Sempre era o primeiro a terminar as atividades.
Raimundo era o filho do mestre e por isso era o mais cobrado. No entanto, ele não era muito inteligente e tinha que se esforçar ao máximo para aprender as lições. E por isso veio falar com Seu Pilar. Disse que queria falar-lhe, mas não podia ser agora. Assim fizeram as lições e só quando o mestre estava entretido com o jornal é que eles vieram a conversar.
Raimundo mostrou uma moedinha que trazia no bolso. que ganhou no seu aniversario e a ofereceu a Pilar. O menino achou que ele brincava, mas quando viu que o menino falava sério aceitou a moeda. O que Raimundo queria em troca era que o colega o ensinasse a lição que ele não conseguia entender.
Assim, com cautela, eles fizeram a troca. Com cautela porque tinha o mestre ali na frente que, se visse, o castigaria com a palmatória. Curvelo, que era um colega mais velho e arteiro, não tirava o olhar de sobre os dois, tendo um riso maldoso no rosto.
Com a moeda no bolso, Seu Pilar ficou sonhando com o dinheiro e a beleza da moeda, até que o mestre o chamou e a Raimundo também. A seu lado estava Curvelo. O mestre pediu a moeda e a jogou pela janela. Depois, chamando os meninos de sem-vergonha, os castigou com doze “bolos”.
Depois disso, Pilar jurou dar uns bons murros em Curvelo. O menino, no entanto, sumiu depois da aula, e ele não o conseguiu achar.
No dia seguinte, ele que tinha sonhado que achava a moeda na rua e a pegava de volta. Arrumou-se rapidamente, ainda mais que tinha ganhado uma nova calça de sua mãe. Tinha esperança de chegar à escola e recuperar a moeda, mas no caminho encontrou o batalhão de fuzileiros que tocava tambores e assim ele preferiu seguí-los a ir para a escola. Acabou a manhã na praia da Gamboa. Voltou pra casa sem a moeda e sem peso na consciência. E foi com os dois colegas de sala que aprendeu a corrupção e a delação
Nenhum comentário:
Postar um comentário